Estou grávida, socorro!

Inicio um diário da minha gravidez. Um diário que poderá vir a ser útil a todas as futuras grávidas. Falo também de outros bebés que estão na minha vida. Sobrinha, filhos de amigas e amigos ou de conhecidas e conhecidos.

terça-feira, novembro 16, 2004

Finalmente em casa!

Chegámos a casa há bocadinho. Já tive entretanto tempo para estar com a minha mãe e comer uma sopa e fruta (não me apetece mais nada), e estou agora à espera que a Beatriz acorde para lhe dar mama, mudar a fralda, etc...
Só tenho coisas boas a dizer da parte de obstetrícia e internamento para puerperas do Garcia de Orta. Foram sempre impecáveis. Nesse hospital a única parte má foi a urgência (mas isso também não é novidade).
Resumindo a história, mesmo sabendo que o Nelson já contou a maior parte (pelos olhos dele), no dia 11 de Novembro comecei a sentir dores parecidas com as do período por volta das 5 da tarde. Sabia que as dores de parto eram parecidas com isso, porque sempre tinha sido assim que mas tinham descrito, mas também tinham dito que davam de 30 em 30 minutos ou de 20 em 20 indo diminuindo o tempo progressivamente, e aumentando a intensidade da dor. Ora as minhas vinham de 2 em 2 ou 3 em 3 minutos. A intensidade mantinha-se quase inalterável. Porém, por volta das 8 da noite já as sentia mais fortes, de modo que eram incómodas e nem tinha vontade de ir comer. Visto estar em casa dos pais do Nelson, e saber a enxurrada de perguntas que me fariam caso eu dissesse que não queria comer e preferia ficar na cama, optei por ir jantar. A seguir ao jantar (por volta das 9) quando fui à casa de banho deu-se a hemorragia que me fez correr para o Garcia de Orta, assustada que tivesse acontecido alguma coisa à minha bebé. Sentia o útero mexer em contracção, mas não sentia propriamente a bebé.
Apesar de explicar a situação, dizer que estava de 40 semanas, com dores e tinha tido uma hemorragia, deixaram-me mais de uma hora à espera para me observarem. Enquanto isso iam entrando meninas de salto alto que o máximo que deveriam ter era uma infecção urinária ou algo do género. Estava a desesperar. Com vontade de chorar e muito medo que aquela espera fosse fatal para a Beatriz.
Quando entrei a enfermeira que me atendeu era de uma antipatia extrema. Só conseguia saber o que me estava a acontecer porque tentava perceber sozinha as coisas que ela comunicava à outra para escrever. A mim mal dirigia palavra.
Ao fim de algum tempo lá me mandaram para a zona de partos e a partir daí tudo correu lindamente, dentro do possível.
20 horas em trabalho de parto, as primeiras com dores suportáveis, mas mazinhas. Depois veio a epidural. A partir daí sentia muito pouco. Apenas durante meia hora de hora e meia em hora e meia quando uma epidural estava a perder o efeito e a outra ainda o ganhava. Também sempre que me colocavam a oxitocina sentia algumas dores. Quando aumentavam a intensidade da oxitocina a dor aumentava.
Ao fim de 19 horas uma médica lá me deu o ultimato de: "ou sim ou sopas" e ou a bebé descia ou ia para cesariana. Com meia epidural, a oxitocina aumentada de 10 para 40 as dores eram demasiado fortes. Eu só pensava que se tinha de continuar aquele trabalho de parto normal, acho que morria pelo caminho. Felizmente lá optaram pela cesariana.
Com muito cansaço e ansiedade em cima foi impossível ter uma cesariana com anestesia local visto que o facto de sentir alguma coisa me deixava demasiado ansiosa. Assim deram-me um calmante fortíssimo e adormeci (era mesmo calmante e não anestesia). Foi pena porque gostava de ter ouvido a Beatriz a nascer. Mas foi melhor assim.
Não digo que esqueci as dores quando a vi nos meus braços. Não esqueci. Mas lá que me anestesiou todas as que estava a sentir no momento anestesiou. E isso é uma das grandes vantagens da cesariana em relação ao parto natural. É que as de parto natural sentem-se com a ansiedade de ver o bebé e doem muito. As de cesariana são completamente anestesiadas porque temos um bebé ao colo. Amamentamos o nosso bebé (desde o primeiro momento, ao contrário do que por aqui diziam). Só não lhe mudei as fraldas da primeira noite. Porque na manhã após o parto já me levantei para ir tomar um banho (ou fazer uma lavagem "à gato"), e passei a tratar sozinha da minha bebé. Hoje, ao fim de 5 dias, poucas dores sinto e já estou em casa com a minha menina (podia estar ontem porque eu tive alta ontem, ela só teve hoje).
E sim, estou muito feliz. Mas emoções escrevo depois.