"No meu tempo"... - Reflexão
Dei comigo a pensar nesta expressão, "no meu tempo".
Estando grávida muitas são as pessoas que me afirmam que a minha vida vai mudar radicalmente e "vais deixar de viver para viveres para ela". Sim, acredito que a minha vida mude radicalmente, aliás, sei que vai mudar radicalmente, não só porque a Beatriz vai entrar nela, mas também porque vai mesmo mudar em todos os sentidos. Vou mudar de casa, deixar de viver sozinha, passar a viver com mais duas pessoas, mudar de ares... enfim, mudar muita coisa. Mas não vou deixar de viver, nem vou viver PARA a Beatriz, vou viver para mim COM a Beatriz que será a parte mais importante da MINHA vida.
Isto tudo por causa do "meu tempo". Não, ele não acabou. Ele continua, diferente, mas continua. Não entendo as pessoas que dizem "no meu tempo" era assim ou assado. E agora? o tempo deixou de ser delas? deixaram de viver?
Noutro dia dizia-me a minha mãe que "a coca-cola é do meu tempo" (do tempo dela). E continua a ser do tempo dela e do meu e vai ser do da Beatriz. Pelo menos é o que eu penso. Considero que "o tempo" das pessoas só acaba quando elas morrem, por isso não concordo com a expressão "no meu tempo". Se disserem coisas como "no meu tempo de escola" ou de faculdade ou de qualquer coisa, tudo bem. Fala-se de um tempo específico que era diferente do tempo de hoje. Mas "o meu tempo" pressupõe que a pessoa deixou de o ter. Deixou de pertencer a este tempo. Isso não é estarem a matar-se antes de morrer? Não é uma recusa de se actualizarem porque "este tempo" já não é deles e como tal não têm de o entender porque "o tempo deles" era diferente?
Não quero ter desculpas. Quero que o tempo seja sempre meu. Manter-me actualizada e entender o tempo actual, concordando ou não, mas entendendo.
O "meu tempo" vai ser meu enquanto eu viver porque "só se vive uma vez".
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