Estou grávida, socorro!

Inicio um diário da minha gravidez. Um diário que poderá vir a ser útil a todas as futuras grávidas. Falo também de outros bebés que estão na minha vida. Sobrinha, filhos de amigas e amigos ou de conhecidas e conhecidos.

quinta-feira, setembro 30, 2004

Um presente do papá

Hoje recebi uma excelente notícia: o papá decidiu que vai assistir ao parto :) (agora é rezar para que a Beatriz se aguente até o papá cá estar), e, em princípio vamos conseguir depois estar uns dois mesitos juntos a gozar a nossa bebé e sem trabalho até irmos, os três, para a Madeira. Isso seria ideal mesmo, mas ainda não há certezas. Certezas, certezas só a decisão do papá em assistir ao nascimento da nossa menina. Nem imaginam o alívio que isso me traz.

A saga do estetoscópio

De vez em quando lá ando eu de estetoscópio na barriga para ver se ouço alguma coisa. Mesmo que não ouvindo já me habituei às "reclamações" da Beatriz quanto ao estetoscópio. Sempre que o meto na barriga ela dá-lhe um murro, encosta-se e mexe-se mais. Ontem não foi excepção nesse sentido, a excepção esteve no facto da Beatriz, ao aproximar as costas (agora já sei como ela está posicionada) do local onde estava o estetoscópio me permitir ouvir nitidamente o coraçãozinho dela. Depois afastava-se eu deixava de ouvir. Deu um murro (ou cotovelada) e voltou a aproximar-se. E eu ouvia a batida do coração a aproximar e afastar. Foi muito emocionante.

quarta-feira, setembro 29, 2004

Fim de Semana com o papá

É verdade. Passam sempre a correr estes Fins-de-semana com o papá da Beatriz. Ela mexeu-se mais do que é hábito, dando-se a mostrar por duas noites em que, praticamente, fez bicicleta com os pezinhos. Fiquei muito contente por o papá a sentir assim. Além disso ainda teve a oportunidade de a sentir com soluços e exclamar um "oh tadinha!" :)
Agora tem estado, novamente, mais calminha. O que me leva a crer que sentiu mesmo a presença do papá com muita força e se mostrou da forma que sabe fazer.
Entretanto agora espero que o papá venha no dia 29 de Outubro e não volte tão depressa. Assusta-me mesmo que ele cá não esteja quando eu entrar em trabalho de parto. Queria sentir a segurança de saber que serei levada para a maternidade por ele, e terei o seu apoio o mais possível. Às vezes acho que, ainda que de uma forma (cada vez menos) subtil, o pressiono para assistir ao parto. Ele diz que tem medo da sua reacção, que não sabe o que o espera. Mas eu também não sei exactamente o que me espera e terei de estar lá, não posso fugir. Por isso acho que era muito importante para mim tê-lo ao meu lado porque sei que ele consegue acalmar-me sempre (ou quase). E tenho a sensação que ele se iria sair muito bem no papel de "apoiante". Além disso gostava mesmo que ele ouvisse o primeiro choro da Beatriz. Deve ser fantástico de ouvir isso, e lhe pudesse tocar ao mesmo tempo que eu pela primeira vez.
É curioso que sinta tudo isto, toda esta necessidade de partilha com ele. Porque, no que toca à Beatriz, sinto que sou muito egoísta. Arrepia-me pensar como vou reagir com os avós (tanto a materna, como os paternos), com os tios, com os amigos, com toda a gente, porque, francamente, parece-me que vou ter o espírito do "é meu, ninguém toca, eu é que sei o que fazer e não me venham com lições porque me ando a preparar para EU receber a minha filha e EU tratar dela há vários meses, e ela é MINHA". No entanto, com o pai, sinto exactamente o contrário. Sinto uma necessidade brutal de partilha, de vontade que ele participe em tudo. Desde o início que gosto de lhe contar tudo o que se passa na gravidez. Logo que se passou a sentir a Beatriz que quis que ele a sentisse. Não deixo mais ninguém sentir. Não que tire as mãos das pessoas da barriga, mas não aviso quando ela se mexe. É como se pensasse, "isto é um momento de comunicação da Beatriz entre mim e ela, e a única pessoa a quem dou o direito de participar nesse momento é o papá, mais ninguém.
Por vezes sinto culpa por pensar tudo isso, por sentir isso e não partilhar mais. Mas é mais forte do que eu. Só tenho mesmo muito medo de como irei reagir quando ela nascer aos "conselhos" que costumam dar...

domingo, setembro 26, 2004

Feira Bebés&Mamãs - a desilusão

Fomos ontem à FIL (feira do bebé) e apanhámos uma grande desilusão.
Estava muita gente para uma feira muito pequenina. Para quem levasse bebés (já saídos da barriga), tinha algum interesse visto que havia actividades para os mesmos (massagens, corridas de gatinhar e um parque de diversões), mas para grávidas pouco ou nenhum interesse tinha.
Não estavam todos os expositores anunciados, sendo que faltavam alguns que eu queria visitar como a Pré-Natal e a Vertbaudet. Mas também faltavam (ou pelo menos assim me parece) a Ana Lage, a medicina e saúde, a Nestlé, a Play, a propoLisEuropa e a Roinsal. Sendo assim senti-me, sinceramente, roubada. Ora paga uma pessoa 7 euros de entrada(14 porque éramos dois e tínhamos um desconto visto que as entradas são 10 euros cada), e não lhe é oferecido tudo o que é anunciado. 'Tá mal!
A única coisa gira foi ficar a olhar para os bébés... mas isso podia ter feito de graça tendo-me limitado a ir tomar um gelado ali no Parque das Nações.

quarta-feira, setembro 22, 2004

Angústia, aulas e hospitais (ainda)

Quero agradecer a todas e todos os conselhos que me têm dado relativamente às aulas e aos hospitais.

As aulas

Francamente não sei se vou continuar as aulas. Hoje não fui à hidroginástica (apesar de isso nem ter nada a ver com as aulas, mas são orientadas pela mesma pessoa), porque preferi ficar em casa num momento de reflexão.
Quando tomei a decisão de ir às aulas fi-lo por achar que me iam preparar em termos de auto-controlo e de calma. Apesar de ter estado calma e me ter sempre mantido informada acerca dos procedimentos e situações que podem acontecer durante o parto, considerei que mais informação não me faria mal, muito pelo contrário e que os exercícios de auto-controlo só me iriam beneficiar. No entanto o que está a acontecer é exactamente o contrário. Durante as aulas em que o assunto abordado não foi o parto, mas o bebé e as formas de o tratar, confesso que cheguei a apanhar uma seca porque já sabia tudo aquilo (sempre li muito sobre bebés e agora ainda mais, para além de estar a conviver frequentemente com uma nascida há seis meses), mas achei que, mesmo sendo seca, era positivo ir relembrando as coisas de modo a assimilá-las melhor e também a criar uma maior harmonia entre mim e a Beatriz.
Tive apenas uma aula de "respirações" e, até ao final da preparação, julgo que essas serão apenas mais quatro. Até podia optar por ir a essas que têm algo de positivo, mas neste momento não consigo ir a nenhuma uma vez que estou com espírito de rejeição em relação às mesmas (tanto que nem consegui ir à hidroginástica), por isso o mais provável é faltar à próxima exactamente por saber que a mesma me vai fazer mais mal que bem (devido ao meu estado de espírito). Logo ficam a sobrar mais três... será que se aprende assim tanto em três aulas? logo vejo se opto por ir a elas.
Apesar dos vossos conselhos e mesmo tentando pensar que estou assim apreensiva, angustiada e cheia de medo por ser normal, por o parto estar a ficar mais próximo, eu sei bem que não é por isso. Foi a aula do parto que me deixou assim. Aula essa onde não se disse nada que eu já não soubesse apenas se fez isso de forma mais "violenta" que me assustou. Logo, seja defeito da fisioterapeuta ou meu, a verdade é que as coisas ditas da forma como foram me fizeram mal e me deixaram pior preparada. Sei que se o parto fosse hoje eu ia estar num tal estado de nervos que me ia contrair toda e não ia conseguir relaxar, exactamente por me terem dado a ideia, na aula, que tudo era mau e doloroso e que toda a gente me vai tratar mal e vou sofrer o pior horror da minha vida.

Hospitais

Sei bem que me vai ser impossível relaxar neste hospital. Tornou-se completamente impossível ir com o espírito de dar o meu melhor se tiver de ter a Beatriz por aqui. A opção é fazer cento e tal quilómetros e meter-me em Lisboa. Também sei que isso é arriscado em trabalho de parto, por isso uns dias antes da data prevista irei para mais perto (rezando para que ela não venha antes). Talvez até tenha o azar de ir a um hospital que, apesar de ter boas recomendações, nesse dia as coisas não corram bem, não me tratem bem, não tenha epidural, mas o espírito com que lá vou entrar será sempre mais optimista do que aquele com que entrarei aqui, de modo que penso que será sempre uma melhor opção. É em mim que está a força e a crença em que tudo correrá bem, e aqui essa crença e essa força irão estar demasiado debilitadas.
Assim sendo agradeço muito as vossas sugestões e, até agora, os hospitais que me parecem melhores (com mais "histórias" positivas do que negativas) são:

1º Hospital de São Francisco Xavier
2º Hospital Garcia da Orta em Almada
3º Maternidade Magalhães Coutinho (estefânia)


Fora de questão está a maternidade Alfredo da Costa porque tenho ouvido histórias do arco da velha de lá. Bem sei que para os bebés têm mais meios, mas o parto é passado por duas pessoas (mamã e bebé), e não por uma. É ao conjunto que se deve ligar.
Gostava também de saber opiniões sobre o Hospital de Santa Maria.

Obrigada a todas uma vez mais.

Continuar ou não as aulas?

Aconselha-me a minha irmã a não continuar as aulas de preparação para o parto porque me diz que as mesmas, em vez de acalmarem e prepararem, assustam e "despreparam". A verdade é que eu estive muito calma relativamente ao parto até esta aula em que se falou nisso. Apesar de ter sempre lido muitas coisas sobre o mesmo, nas aulas as mesmas coisas que eu já tinha lido foram-me colocadas de uma forma que me assustou.
Já não sei o que é melhor. A minha irmã, que teve uma bebé há seis meses (mas por cesariana), diz que nos hospitais acabam por ser mais atenciosos com as mulheres que não tiveram preparação porque as tentam orientar a respirar e a controlar as coisas, enquanto que às outras não fazem isso. Não sei até que ponto é verdade uma vez que ela teve a bebé por cesariana.
É visível em mim que fiquei com uma atitude diferente relativamente ao parto desde a última aula. Agora pondero sinceramente em ir ou não às outras uma vez que numa das próximas irão falar das complicações do parto. Eu também já li sobre isso e, no fundo, já estou alertada. Será que preciso dessa "aula"? e será que a mesma não me vai assustar ainda mais?

Francamente já não sei o que é melhor se continuar a preparar-me para o parto (coisa que me levou a ficar assustada), se ir na "ignorância" (uma ignorância relativa porque me tenho mantido informada) e deixar as coisas correrem por si...

segunda-feira, setembro 20, 2004

Aulas de (des)preparação para o parto

Durante estes sete meses tenho lido muito sobre o parto, o nascimento, os bebés. Tenho tentado manter-me informada e ser realista. Conheço a teoria tanto por falar com pessoas que já passaram por lá (em especial a minha mãe que tem sido impecável e me conta de uma forma realista, não dramatizadora nem alarmista, como decorre o parto). Conheço as "fases do trabalho de parto", sei que pode durar muitas e muitas horas e em média dura 12 horas (para mães em primeira vez). 12 horas essas que não são todas de grande sofrimento, mas que no final se passam ali uma horitas muito difíceis (quando a dilatação vai entre os 8 e os 10 centímetros), com contracções muito intensas de dois em dois minutos, com a mesma duração, mais ou menos, sei que o mais provável é que me cortem e que eu sofra depois com a suturação e a cicatrização. Sei tudo isso. Sei perfeitamente que se sofre no parto, mas também sei, pelo que li, que existem formas, hoje em dia, de atenuar um pouco todo o sofrimento. Existe a epidural, existem cuidados especiais, existe humanismo (nem sempre), existe a possibilidade do pai estar presente na sala (o que, na maioria das vezes, ajuda ao auto-controlo), e existem os "exercícios" de auto-controlo, pela respiração e não só (que é o que pretendo aprender). Não é muito, mas é alguma coisa. Ou pensei eu que existia tudo isso em todo o lado e por me sentir preparada psicologicamente para enfrentar tudo isso, estive relativamente calma até agora (até porque já sofri muito em hospitais, em termos de dor física por causa de um acidente que tive, mas tudo foi muito atenuado pelo cuidado com que me trataram).
Porém, hoje na minha aula de preparação para o parto, fiquei a saber que aqui (onde, pensava ter a Beatriz), não existe nada disso. Fiquei a saber que existe a mentalidade do "a mulher tem de sofrer" e do "fizeste-o e gostaste agora aguenta" e que, por esse motivo existe a recusa de se dar epidural às mulheres em trabalho de parto. Não há sequer a possibilidade do papá estar presente (por enquanto, e provavelmente em Novembro ainda não haverá). Ou seja, é um pouco o "salve-se quem puder" e o "manda lá isso cá para fora e depressinha porque nós não temos tempo, e os anestesistas têm mais que fazer do que aturar mulheres aos gritos". Assim como quem não quer a coisa a fisioterapeuta que nos prepara insinuou que, se pudermos, nos devemos dirigir ou a Coimbra ou a Lisboa (ambas ficam mais ou menos à mesma distância).
É conhecida (para quem me conhece) a minha preferência pela cidade. Pela vida na cidade. Porém isso acontece muito mais por uma questão de mentalidade do que por qualquer outra. Infelizmente a falta de humanidade, de entendimento humano e compreensão pelo outro, cuidado com o outro, é muito evidente aqui (na província). Não pensei que isso existisse também nos cuidados de saúde (apesar de nunca me terem tratado com sorrisos sempre que vou ao hospital), talvez andasse a tentar mentalizar-me que no hospital as coisas fossem diferentes. Infelizemente aqui as pessoas confundem compreensão e preocupação pelo outro com intromissão na vida alheia. E infelizmente existe, e vai continuar a existir, a mentalidade do "eu passei por isso, portanto também tens de passar... se a mim as coisas não foram facilitadas, a ti também não podem ser". Nota-se isso nas questões da passagem pela adolescência (quais dermatologistas para se tratar o acne juvenil? "é normal... eu também passei por isso"), nas questões de saúde mental e por cá os níveis de depressão e suicídio são mais elevados do que na cidade, mas tratar uma depressão? "isso é coisa de malucos", e nas questões de saúde e dor física onde incluo o parto. É a lei do "se eu sofri, porque carga de água hei-de minimizar o sofrimento do outro?".
É isto que eu sinto aqui. Sinto esta falta de compreensão e preocupação, falta de corrigir na vida dos outros aquilo que nos custou a nós e sinto, ainda por cima, uma intromissão sufocante na vida alheia (como se isto fosse um grande (ou se calhar pequeno) Big Brother). Enquanto só conheci esta realidade para mim isso também era normal (apesar de nunca ter compactuado com ela, mas aceitava-a como normal), deixou de ser a partir do momento em que saí daqui para ir morar para o Porto e senti a diferença, diferença essa ainda mais sentida em Lisboa (onde a mentalidade é ainda mais de cidade: de menos intromissão e de uma maior tentativa de melhoramento de cuidados). A cidade pode ter muitos defeitos e muitos mais perigos do que a província, mas tem vantagens que compensam tudo isso.

E pronto, já desabafei.

Já agora, em Lisboa (se eu puder ir para lá), que hospital acham melhor em termos de cuidados de parto (hospital publico)?

sábado, setembro 18, 2004

Religião, baptismo e padrinhos...

Sempre pensei que um dia que tivesse filhos não os iria baptizar porque, tal como acho errado inscrever um bebé como sócio de um clube qualquer de futebol, ou como militante de um partido político, também acho errado "inscrevê-lo" numa religião. Se um dia ela quiser, quando tiver idade para perceber o que é a religião e ao que ela obriga e ao que isso implica, tomará a sua própria decisão.
Ainda assim, mesmo que quisesse baptizar a Beatriz, teria sempre o "problema" de eu e o pai dela não sermos casados e, a virmos a ser, não me parece que o sejamos pela igreja, porque nenhum de nós dois liga a isso.
Porém dou por mim a lamentar o facto da Beatriz não ir ter padrinhos. Porque carga de água terão os padrinhos de estar, obrigatoriamente, ligados ao baptismo pela igreja? Não haverá maneira de, durante o registo do bebé em cartório, haver testemunhas que possam funcionar como padrinhos? Acho que era importante para ela ter essas referências (a madrinha e o padrinho). Além disso tenho duas pessoas que gostava mesmo que fossem "madrinhas" (até era bom que pudesse ter duas...). Para padrinho não estou a ver ninguém em especial, mas o papá com certeza iria ter.
Apesar de tudo isto não a irei baptizar só por causa dos padrinhos... arranjarei maneira de ela ter "padrinhos"...

sexta-feira, setembro 17, 2004

2,100 kg de gente

Ontem fui a mais uma consulta e vim de lá muito mais descansada (como sempre). Para além da anemia, as últimas análises estão todas bem e a médica até acha que eu estou com mais cor o que poderá significar que a anemia está a baixar. Não estou com diabetes (tinha metido na cabeça que estava).
Fiz uma ecografia no ecógrafo lá da clínica e a Beatriz está a desenvolver muito bem e já se virou de cabeça para baixo. Está perfeitinha, tem um bom ritmo cardíaco, está saudável e pesa, neste momento, 2.100 kg. Já está grandinha ;)
Daqui a mais umas três semanas vou fazer as últimas análises e a minha médica (apesar de ma ter passado), disse que não considerava essencial fazer a última ecografia (uma vez que a esteve a ver ontem). De qualquer modo vou ver se consigo marcá-la pelo SNS para daqui a três ou quatro semanas, se não conseguir, como também não é indispensável, não a faço.

quarta-feira, setembro 15, 2004

Palavras para a Beatriz

Faltam cerca de dois meses para tu nasceres. Como deves imaginar a ansiedade começa a aumentar.
Iniciei na semana passada as aulas de preparação para o parto e acho que me vão fazer bem.
Tenho uma enorme curiosidade em te conhecer e, no entanto, já me parece que te conheço tão bem. Sei que não te assustas muito com sons altos, apesar de estranhares sons diferentes. Às vezes acho que és apenas curiosa. Sei que te incomoda que te "apertem".
Sinto que começas a sentir-te apertada dentro da minha barriga e já não me deixas estar em qualquer posição. Se te aperto queixas-te. No entanto acalmas com a minha voz e as minhas festas.
Gosto tanto de ti!
A nível financeiro as coisas não estão muito boas, mas sinto que tudo se vai compor com o tempo. Mas não te preocupes, filha, vais ter tudo o que precisas e amor nunca te vai faltar.

domingo, setembro 12, 2004

O belo encontro de ontem

Foi ontem em Coimbra o encontro de Babyblogs e correu lindamente. Foi uma tarde muitíssimo bem passada, obrigada Cláudia (temos de pensar num próximo).
Estiveram 8 blogs com 10 bebés e crianças (11 com a Beatriz que foi a mais sossegada de todos ;) ). Fiquei muito bem impressionada. Os miúdos portaram-se todos muito bem, eram uns amores e só me apetecia andar a correr atrás deles e a abraçá-los a todos. Numa altura em que existe tanta queixa que os miúdos não se sabem comportar, que são todos "horríveis" (isto são palavras da minha mãe), que os pais de hoje não sabem dar educação e não se pode levar as crianças a lado nenhum, ali estava um belo grupo deles a provar o contrário. E mesmo os mais pequeninos (com pouco menos de 1 ano), se portaram muito bem. Um ou outro choro de vez em quando, mas nada de birras. Eram crianças e bebés que se notava serem muito amados e acarinhados. Talvez daí a calma que tinham.
A dada altura disseram-me: "estás a ver o que te espera?"... eu dei uma vista de olhos por todos aqueles anjinhos que ali estavam e respondi: "se forem todos assim tenho uma carrada deles".
Os pais brincaram, jogaram à bola, conversaram, entretiveram os meninos. Os meninos gatinharam a alta velocidade pelo parque, subiram ao urso, brincaram com carrinhos e rocas e dinossaurios de plásticos. Vieram mostrar os leões que rugiam, e mesmo com os olhos a chorar e o ranho a cair de tão constipados, mantiveram a boa disposição. Uns agarravam-se aos seus brinquedos e não queriam partilhar, outros arranjaram maneira de brincar com outros brinquedos sem birras ou brigas. Trocaram bonés e chupetas. Competiram pela pose de uma tampa do boião que alguém comia enquanto lutava entre ter a colher na boca ou a chupeta, abraçavam-se às mães com um carinho comovente e as mamãs conversaram, quando podiam, umas com as outras. Foi um dia mais dedicado a eles, aos bebés, mas ninguém pareceu importar-se. Eu, pessoalmente, adorei observá-los a todos, por mim teria ficado mais tempo, não fosse o vento levantar-se e as fraldas precisarem de ser mudadas ou os sonos começarem a cair (porque eles têm os seus horários e, para continuarem a ser assim calminhos, é preciso saber respeitá-los), mas ali estava a prova viva que ninguém deixou de viver, de sair, de se divertir por ter tido filhos (ao que parece, muito pelo contrário).

sexta-feira, setembro 10, 2004

Encontro de baby blogs

É amanhã. Eu vou estar lá. Mais informações aqui.

quinta-feira, setembro 09, 2004

"No meu tempo..."

Estando a minha sobrinha (na foto com os seus 5 mesinhos) cá por casa, vieram uns tios meus vê-la (claro). Ora estávamos a comentar que a menina tem problemas de prisão de ventre desde que deixou o leite materno exclusivamente. O meu tio, bom homem mas um tanto bruto, do alto dos seus 60 e tal anos, faz a seguinte afirmação: "no meu tempo, não havia cá dessas papas cerelac. Dava-se alho moído com pão e ainda estamos vivos", não contente com isso afirma ainda "e para a prisão de ventre era um sumo de laranja... a ver se ela não fazia" ... "estamos vivos e temos mais saúde dos que os que nascem agora"... a minha vontade foi responder "pois, e a mortalidade infantil era bem maior também. Todas as famílias têm histórias de mortes de bebés e crianças, coisa que, felizmente não acontece hoje em dia porque há outros conhecimentos e cuidados". Mas achei melhor calar-me ou ia criar uma série de problemas e conflitos desnecessários.

quarta-feira, setembro 08, 2004

preparação para o parto (II)

Não fazia ideia que as aulas de preparação para o parto iam para além dos exercícios de respiração, ginástica e esses controlos da hora do parto. Afinal são muito mais aulas de preparação para a maternidade do que, exclusivamente, para o parto. Fiquei contente com isso. Assim há montes de outras dúvidas que podem ser esclarecidas. Para já tomei consciência que a minha barriga não está nada muito grande (eu não achava que estivesse, mas toda a gente dizia que sim!). Em comparação com as outras está perfeitamente normal e até era mais pequena do que algumas... ora, que coisa!
Também a maioria das grávidas presentes iam ter meninos, o que me deixou muito feliz porque ando muito preocupada com a adolescência da Beatriz ;)
Em breve, nessas aulas, vamos fazer uma visita pelo hospital (parte da maternidade) para vermos as condições em que vamos ter os bebés. De modo a estarmos preparadas para aquele hospital mais especificamente.
Só fiquei triste porque duas das sessões deste curso vão ser com as presenças dos papás e destinadas mais a eles do que a nós, e o papá da Beatriz está muito longe para poder vir. Mas depois eu explico-lhe tudo o que conseguir. Mas gostava que ele fizesse a visita ao hospital comigo. Ainda não sei se na altura do nascimento da Beatriz a parte nova da maternidade já estará a funcionar. Gostava que sim porque actualmente os papás não podem assistir ao parto, e na nova poderiam (não, o papá da Beatriz ainda não decidiu se queria ou conseguia ou não assistir, mas eu gostava que ele lá estivesse... se não a quem vou chamar nomes?).
Além de tudo isto, a partir de dia 22 começa também a hidroginástica. Acho que vou gostar muito disso e sempre é uma boa forma de fazer algum exercício porque tenho estado muito sedentária.

segunda-feira, setembro 06, 2004

Preparação para o parto

Na próxima quarta-feira às 10 da manhã tenho a "aula" de apresentação das minhas aulas de preparação para o parto. Finalmente. Estou bastante entusiasmada com isso (isto é o que dá morar no campo... acontece tanta coisa, tanta coisa que até as aulas de preparação para o parto são uma emoção).

sábado, setembro 04, 2004

Desejos

Até hoje não me deu desejo nenhum. Ora chega uma mulher à 30ª semana sem qualquer desejo e, de repente, hoje estou com uma vontade doida de comer queijo francês. Um Camembert ou um Brie ou aquele Caprice de Dieux que é fabuloso. Claro que, a esta hora, não tenho nada disso em casa nem onde ir comprar... para o que me havia de dar!

quinta-feira, setembro 02, 2004

Feira do bebé

Não marcar nada na agenda para os dias 25 e 26 de Setembro pois vai haver salão bebés e mamãs na FIL.

quarta-feira, setembro 01, 2004

Gravidez - a aproximação à nossa mãe

Muito leio e me falam sobre o facto de vir a ser mãe e isso fazer com que comece a observar com outros olhos e outra compreensão a minha própria mãe.
Durante as aulas de preparação para o parto (aquelas das quais desisti), falaram das alterações fisicas e psicológicas que se sentem durante as várias fases da gravidez. Uma delas era essa mesmo: o facto de nos tentarmos aproximar da nossa mãe para podermos criar, nós próprias, o nosso modelo de ser mãe. Falaram nisso como se fosse um dado adquirido que, a partir deste momento, entendessemos tudo, vissemos tudo com outros olhos, nos esquecessemos do que é ser filha e passassemos a ver tudo com olhos de mãe e na perspectiva de mãe. Não pude concordar. Falaram que, neste momento, se atritos existissem do passado, eles seriam resolvidos. É um facto que no início da gravidez me tentei aproximar mais da minha mãe. Tentei porque realmente a queria entender, porque realmente preciso de um "modelo de mãe" para me orientar a criar o meu próprio modelo e aproximei-me para entender. Entender o que é ser mãe, entender como se deve ser mãe, entender como pensam as mães, e entender o porquê daquelas atitudes que, até hoje, não entendi. E digo bem, até hoje.
O facto é que essa minha tentativa de aproximação a única coisa a que levou foi a que ficasse a sentir-me triste, a que pensasse eu não quero seguir este modelo, e a que não entendesse. Nem tentando pensar "como mãe". Porque não me parece que pensar como mãe tenha de ser algo egoísta. Não me parece que ser mãe signifique achar que se sabe tudo e não aceitar que os filhos sejam pessoas com pensamentos próprios que podem ser muito diferentes dos nossos. Não é esse modelo de mãe que quero ser.
Fiquei a sentir-me culpada por achar que tenho maus sentimentos e pouca compreensão para com a minha mãe, mas, acima de tudo muito triste por não ter conseguido entender. Eu tentei. Lembro-me que o fiz por duas ou três vezes, logo no início da gravidez. Tentei afastar os "fantasmas" do passado e resolver as coisas para me sentir em paz com a minha mãe e poder compreender o modelo de maternidade que eu poderia vir a seguir. Mas tudo o que isso levou foi a uma série de acusações por eu ter deixado, um dia, de ser criança e ter passado a pensar por mim. Levou a uma série de acusações em como eu "não gosto dela". Eu tentei entender. Talvez até tenha conseguido, mas o que entendi e o que percebi não foi o que procurava e o que queria saber. Entendi que não há entendimento entre mim e a minha mãe porque ela não aceita que as pessoas pensem por si, que tenham vontades, que tenham ideiais e ideias diferentes dos dela, que olhem para o mundo de forma diferente, que gostem de morar em sitios diferentes, que gostem de vestir coisas diferentes, que se interessem por outros assuntos. Ela não entende e não gosta das pessoas diferentes dela. Cheguei à conclusão que, não fosse ela minha mãe, e sei que não gostaria de mim porque eu sou uma pessoa que "não se interessa", que "não está a fazer nada no mundo" apenas porque não quer saber o que o vizinho do lado comeu ao pequeno-almoço, ou porque é que o José Castelo Branco se vestia de mulher (claro que aqui estou a exagerar um bocadinho... ela interessa-se por outros assuntos, até interessantes, mas que a mim pouco me dizem ou não me puxam tanto interesse).
Fiquei triste com esta tentativa de aproximação porque cheguei à conclusão que o modelo de mãe da minha mãe não me interessa no seu todo (há uma ou outra parte importante, mas de há muito muito tempo. Do tempo de criança) o que me leva a tentar procurar outro. Mas não tenho outro. Pelo menos não o tenho assim tão perto.
Fiquei ainda mais triste ao lembrar-me do meu pai que já morreu. Porque ele poderia ser outra referência. Tentei lembrar-me de tudo e saber o que "posso aproveitar" da educação que me deu. Encontrei algumas referências. Algumas que sei que irei aproveitar. Algumas que sei que foram boas, outras considero-as demasiado "violentas" para as aplicar à Beatriz.
Tentei apaziguar-me e pensar que estava a exagerar. Afinal eu cheguei à idade adulta viva e de boa saúde. Mas não é bem verdade. A verdade é que passei uma infância relativamente boa. Mas também é verdade que o "respeito" que tinha pelo meu pai era incutido pelo medo e nada mais. Fui uma criança muito bem educada, a quem podiam levar a qualquer lugar. Não gostava que a minha filha viesse a ser muito bem educada por ter medo. Gostava que fosse bem educada por respeito, por entender, por perceber como as coisas funcionam. Sei que a dada altura isso passou a acontecer comigo (não vivi num permanente terror, nem fui espancada permanentemente), mas também sei que tudo começou pelo medo. Não quero isso para a Beatriz.
Mas a infância passou-se e consigo guardar muito boas recordações da mesma. Por isso, mesmo o "medo" que me incutiram, não há-de ter sido assim tão grave que me tenha traumatizado e umas palmadas de vez em quando são necessárias e não fazem mal a ninguém.
O meu grande problema está a partir da adolescencia. O meu pai passou a estar ausente. Quando estava presente tentava "compensar" a ausencia. Essa compensação, para ele, passava, não por dar amor e carinho às filhas, mas por "educar". E educar neste caso era impor disciplina a qualquer custo. A minha mãe viu-se, de repente, com uma filha adolescente e uma na pré-adolescência. E sozinha com elas duas. Entendo que para ela tenha sido difícil. Mas para nós não o foi menos. Passou a não nos aceitar como éramos. Passou a tentar impôr as ideias dela de uma forma brutal. A única coisa que conseguiu foi afastar-nos e criar ódios. É verdade, odiei a minha mãe nessa altura. Porque ela não fazia um esforço para entender que também a nós todas as mudanças que estávamos a viver nos custavam, se calhar mais do que a ela. Foram demasiadas mudanças para mim com onze anos. Vi-me a mudar de casa, de terra, a ter todos os meus objectos pessoais encaixotados (até hoje porque entretanto cresci demasiado para os ir desencaixotar quando chegou a altura), mudaram-me de escola metendo-me num colégio de freiras onde até a língua base que estava a aprender mudou (de inglês que tinha aprendido no 5º ano, para um francês de 6º ano). Acabei por ficar sem a minha casa, os meus brinquedos, o meu quarto, os meus amigos, o meu mundo. E, principalmente nessa idade, o nosso mundo é tão importante. Na altura eu só pedia que não me mudassem de escola, até porque a antiga ainda continuava a ser a que estava mais perto da nova casa. Mas a minha mãe não concordou porque eu tinha de ir para o colégio das meninas ricas. Porque "é onde andam todas as meninas ricas" da terra para onde íamos morar. Eu estava a borrifar-me para as meninas ricas. Queria era manter algo meu. Acabei por conseguir voltar para lá, a meio do ano, porque o meu pai achou melhor. Pelo menos isso.
Mas a partir dessa data nunca mais me dei bem com a minha mãe. Tive uma adolescência sufocada porque não ma deixaram viver. Vi uma tentativa de suicidio da minha irmã exactamente pelo mesmo motivo e pensei que não queria chegar a esse ponto. Não cheguei. Mas para isso anulei-me enquanto pessoa para poder viver em casa dos meus pais, pensando sempre no dia em que iria de lá sair. Aconteceu quando fui estudar para longe e, como devem imaginar, nessa fase decidi viver tudo o que me tinha sido vedado até então. Fi-lo, claro, de forma exagerada em sem conta, peso e medida. Não, não quero que a Beatriz um dia venha a ser uma pessoa como eu. Como eu fui. Não quero que ela sinta as mágoas que eu senti, que tenha as dúvidas que eu tive, que se anule por eu não a deixar florescer. Sei que deve ser muito bonito ser mãe de um bebé e de uma criança. Deve ser fabuloso ter alguém que nos ama incondicionalmente e não põe em dúvida a nossa forma de viver. Deve ser um choque quando essa mesma pessoa passa a pensar que quer uma vida diferente e uma maneira diferente de lidar com as coisas. Deve ser terrível o medo que entre em caminhos maus, que se magoe, que a magoem. Acredito que a vontade de proteger por vezes leve a cometer erros. Mas, de todos os erros, não quero cair no erro de não respeitar a minha filha enquanto pessoa autónoma com pensamentos e vontades próprias e de não saber respeitar o seu crescimento natural, por muito que me custe sentir que a estarei a "perder". Porque se perde mais quando se tenta prender. Perde-se o amor, perde-se o respeito, perde-se a "crença".
O meu problema agora é que, com tudo isto, acabo por não ter um modelo de mãe para seguir. Tenho de criar o meu próprio modelo e isso assusta-me. E se estou errada?